sábado, 29 de junho de 2013

Poema de Fernando Pessoa: A pálida luz da manhã de inverno:


A pálida luz da manhã de inverno,
O cais e a razão.
Não dão mais Esperança, nem menos Esperança sequer,
Ao meu coração.
O que tem que ser
Será, quer eu queira que seja ou que não.
No rumor do cais, no bulício do rio
Na rua a acordar
Não há mais sossego, nem menos sossego sequer,
Para o meu Esperar.
O que tem que não ser

Algures será, se o pensei; tudo mais é sonhar.

Poema: Não mais...




Estando eu vivo meus olhos veem,
Então paro, penso, reflito e sinto.

Ando, corro, canso, sento,
Vejo, paro,penso, reflito e sinto.

Deito, durmo sonho, acordo,
Vejo, paro,penso, reflito e sinto.

E com o tempo se esvaindo por entre os dedos da insensatez.
Envelheço, esmoreço morro,
Não mais vejo,
Não mais paro,
Não mais penso,
Não mais reflito,
Não mais sinto,

Não mais...